Mutirões nos próximos sábados prometem amenizar a situação que tem se tornado recorrente em bairros de Erechim
Pedaços de madeira, sofás velhos, vaso sanitário, roupas, papelões, vidros e até restos mortais de animais: estes são alguns dos materiais espalhados às margens da Rua Vitório Luís Zafari, no bairro Koller, em Erechim. "Seguidamente vemos os carros ando aqui pela rua cheios de lixo. Param, jogam na estrada e vão embora, como se fosse normal", relata a dona de casa Margarida Gaboardi, que mora próxima ao local há quase 20 anos. "Dia desses até tentei sair correndo atrás de um caminhãozinho que ou e jogou lixo para tentar anotar a placa e denunciar, porém não consegui. É uma vergonha o que fazem", lamenta.
A autônoma Alexandra Pompele Zelak, que mora no bairro há mais de duas décadas se diz preocupada com a situação, pois considera ser um problema de saúde pública. "Descartam geladeiras, pneus, baldes quebrados... Nosso medo é que isto pode ocasionar problemas à saúde dos moradores, até focos do mosquito Aedes aegypti, já que alguns dos materiais acumulam água", afirma.
Infelizmente, o problema de descarte incorreto de lixo não se limita ao bairro de Alexandra e Margarida. De acordo com a secretaria adjunta de Meio Ambiente, Carla Orso, diversos bairros da cidade vêm sendo alvo deste tipo de comportamento, embora receba poucas denúncias formais. "A grande maioria das pessoas que enxergam este tipo de ato se negam a formalizar a denúncia ou não registram o ocorrido com foto ou filmagem", diz.
Desta forma, ela orienta que qualquer cidadão que avistar alguém descartando resíduo em local indevido (praças, vias, áreas verdes, ou terrenos) deve de antemão tentar fotografar, se possível, ou anotar placa de veículo para que este possa ser identificado. "O que dificulta a ação da fiscalização ambiental é o fato de o denunciante não possuir informações que possam nos ajudar", lamenta.
Mutirões de limpeza prometem solução
Em reunião realizada na última terça-feira (7), agentes de saúde do município foram convocados para intensificar a fiscalização nas residências e realizar mutirões de limpeza nos próximos sábados. Eles devem se juntar aos 30 agentes de endemias responsáveis pela fiscalização diária. A mobilização visa o combate ao mosquito Aedes aegypti e inclui a busca de solução para os casos de descarte incorreto de lixo.
Conforme explicou a enfermeira da Secretaria de Saúde, Marina Bertuol, ao todo, serão mais de 120 pessoas trabalhando a fim de eliminar os possíveis focos. Quanto aos mutirões de limpeza, o diretor da Vigilância Sanitária, Theodoro Tedesco Neto afirma que ainda será definido o planejamento das ações, que acontecerão nos dois próximos sábados (12 e 19).
"Vamos decidir ainda como serão os mutirões. Minha ideia inicial é tentar solucionar prioritariamente os problemas de lixo acumulado em terrenos, que representam risco por terem potencial de acúmulo de água, especialmente neste período em que queremos eliminar todos os possíveis focos. Ainda será realizado um levantamento dos pontos mais críticos e a limpeza será feita o quanto antes", adianta, salientando que o objetivo é o de que a ação seja feita ainda no próximo sábado (12).
Para o sábado seguinte (19), Tedesco acredita que o foco será o recolhimento de materiais que não são coletados na coleta regular, como pneus, vasos sanitários, geladeiras, entre outros. "São justamente estes materiais que acabam indo parar em locais inadequados. Com o mutirão, evitaremos que isto aconteça", afirma.
Denúncias e penalidades
A secretária adjunta de Meio Ambiente explica que quando há a formalização da denúncia ou prova do crime, se aplica multa de 320 Unidades de Referência Municipal para lixo doméstico ou de R$ 5 mil para lixo industrial. "É feita a multa conforme o tipo de lixo descartado e fazemos a pessoa/empresa recolher os resíduos e dar destino adequado. Ainda, ao ser identificada, a pessoa responderá por crime ambiental, conforme a Dec. Lei n° 6.514 de 2008 e Lei 9.605 de 1998, a qual dispõe sobre as sanções penais e istrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente", revela.
Questionada sobre o impacto do descarte incorreto de lixo ao meio ambiente, ela explica que além de impactar esteticamente, o descarte inadequado contribui para a proliferação de animais como mosquitos, baratas e ratos, além do incômodo pelo odor desagradável. "Há ainda problemas de escoamento de água da chuva e possível entupimento de bocas de lobo, tubulações e córregos/sangas causando enchentes. Já o lixo industrial além de tudo o que já foi descrito, há também o problema da poluição do solo e água com compostos químicos dependendo do tipo do resíduo e sua natureza", afirma.
A secretária adjunta destaca ainda que hoje Erechim tem sérios problemas ambientais resultados também destas atitudes. "Os problemas gerados pelo descarte inadequado de lixo
são muitos e, geralmente, visíveis, na maioria dos casos, eles se configuram como agressões ambientais e até como uma questão sanitária que coloca em risco à saúde pública, podemos citar aqui a proliferação do mosquito da Dengue", reforça.
Conscientização
Conforme Carla, hoje Erechim possui coleta seletiva, o que é um grande ganho. "Caso as pessoas tenham algum material que não é coletado pela coleta, ela pode informar-se na Secretaria de Meio Ambiente, uma vez que também realizamos campanhas de coletas como eletroeletrônicos, pilhas, baterias e outros. Há também a atuação da educação ambiental, porém nunca é o bastante. Então cabe a cada cidadão informar-se e não descartar nenhum tipo de resíduo de forma irregular, pois está causando um dano não somente ao meio ambiente mas a sua própria saúde", completa.
Como denunciar
Conforme a Secretaria de Meio Ambiente, se uma pessoa flagrar alguém descartando lixo em locais como terrenos baldios, margem de estradas, entre outros, os procedimentos são os seguintes:
Registrar por meio de foto ou vídeo o ato em si que comprova o descarte do lixo, o local e a identificação da pessoa ou placa do veículo. "O denunciante não precisa se envolver, somente enviar para a Secretaria de Meio Ambiente a foto ou vídeo e adotamos as providências cabíveis. Quanto mais informações para que possamos identificar o infrator melhor é para que possamos penalizá-lo", finaliza Carla.