Eis uma palavra que pode ter muitos significados. Os dicionários remetem à ideia de equilíbrio, recompensa ou contrapeso, em suma, fazer valer a pena. Porém, para que tudo “compense”, não se pode abrir mão do pensamento, a razão que sempre nos leva a querer equilibrar as coisas.

Origem

Compensar tem origem no termo latino “compensare”. Significa pesar uma coisa com outra. Pesar (aqui) no sentido de medida, de peso. Balancear. Balança, peso, dá para entender, não é mesmo? Mas há outro sentido para a palavra. Pesar tem como sinônimos a poderação ou o exame atento das coisas e também pode ter uma conotação negativa. Justamente o outro lado, o que nos leva a querer “compensar” as coisas, os erros, os excessos. É quando o “pesar” assume o sentido de “afetar negativamente” ou causar sofrimento. Eis a razão e a origem dos pêsames, quando perdemos alguém para o outro plano.

Pesar e pensar

Pesar ainda pode ter mais sentidos. Com a palavra peso, alinha-se no sentido de que “pesar” pode referir aos “pesados fardos” como referiu Alexandre Dumas (1802-1870) sobre o casamento. Para o autor de “Os Três Mosqueteiros”, o fardo do casamento era tão pesado que precisava de dois para carregá-lo e, às vezes, três. Mas há ainda a relação com o pensamento, a reflexão. Pitágoras, filósofo e matemático grego (500 aC), dizia que a cólera começava com a loucura e terminava com o pesar. E se o pesar remete ao pensamento e reflexão, compensar não deixa de ser uma atitude derivada do arrependimento.

Compensação

Então, se pensarmos bem, amos boa parte da vida compensando as coisas. Poderia até dizer que tudo que se dá em excesso acaba em compensação. Se bebemos demais, no outro dia é preciso compensar a fadiga. Se falarmos sem parar, será preciso ficar sem voz. Se dissermos não para quem amamos, em algum momento será preciso dizer sim, mesmo quando não quisermos. Tudo para evitar a perda. É a tal compensação, que só ocorre porque somos seres pensantes e empáticos. Sem empatia, não há espaço para as compensações, porque o ser não empático é um egoísta por natureza.

Arrependimento

O arrependimento também é uma atitude que decorre do pensamento. Quando pesamos as situações e avaliamos que determinado caminho não foi adequado, adentramos à seara dos arrependimentos. E a vida é assim, cheia desses pequenos dilemas. Caminhos que levam às escolhas, muitas delas excludentes umas das outras. Mas como não nascemos sábios e, já há algum tempo não observamos os provérbios, escolhemos caminhos que nos causam arrependimentos. Uma vez arrependidos e recobertos em pensamentos positivos, buscamos a compensação. Bom mesmo seria fazer boas escolhas. Pensar antes para não ter de compensar depois, mas para isso, precisamos pensar mais nos outros.